Os mitos que rondam as práticas de ESG e o impacto da digitalização corporativa na gestão ambiental

Não é moda, nem uma “roupagem” bonita para as empresas. O conceito de ESG compreende boas práticas que aglutinam a preservação ambiental e o desenvolvimento social e econômico, levando toda a sociedade em consideração

Ainda existe muita desinformação ou confusão de conceitos quando o assunto é ESG. Apesar de ser um conjunto de boas práticas em expansão no mundo corporativo, ainda não há um número expressivo de empresas que abraçaram completamente a agenda, com estratégias desenvolvidas conforme os pilares ambiental, social e de governança corporativa.  

Segundo um estudo feito pelo Grupo FSB, a pedido da Beon, somente 37% das organizações de grande e médio porte contam com ações voltadas à sustentabilidade. Outro dado relevante: 20% das empresas brasileiras (grandes e médias) apenas têm programas socioambientais para evitar má reputação.   

A dificuldade em avançar nas pautas ESG com mais rapidez pode ter como pano de fundo vários mitos que rondam o tema. A seguir, veja cinco deles que necessitam ser desmistificados.   

Mito 1: ESG existe para melhorar a imagem das empresas.

Na verdade, isso é uma consequência, mas não o objetivo em si. Nem deve ser.

“A sigla ESG remete a um conjunto de indicadores e práticas sociais, ambientais e de governança aplicado por empresas e acompanhados por investidores com objetivo de reduzir os riscos e maximizar a geração de valor. Esses indicadores e boas práticas funcionam como um meio para se atingir um objetivo maior, que é a sustentabilidade dos negócios, sociedade e meio ambiente. Ou seja, uma organização não pode ‘ser’ ESG, mas deve se utilizar desse conjunto de ferramentas para se tornar mais sustentável”, explica Danilo Maeda, head da consultoria Beon.

Mito 2: ESG é só uma onda que vai passar.

A urgência em realizar diversas mudanças em prol do meio ambiente e da sociedade faz com que a agenda ESG seja uma resposta corporativa consistente a todos os desafios que temos enfrentado. Este é um tema que tem sido bastante debatido, mas não como uma moda que deve se esvaziar em pouco tempo e, sim, como uma renovação estrutural profunda, que tem exigido quebra de paradigmas e evolução na cultura das empresas. A sua aplicação não deve ser, portanto, de fachada, principalmente em organizações de saúde.

“Essa é uma jornada de longo prazo, que deve começar com um processo de engajamento de stakeholders, para mapear prioridades em termos de riscos, oportunidades e impactos produzidos pelas empresas. Posteriormente, será preciso ajustar processos, práticas e, eventualmente, até modelos de negócio para mitigar as externalidades negativas e maximizar a geração de valor compartilhado”, conta Danilo.  

Mito 3: Basta ter uma equipe na instituição que cuide das questões de ESG. 

Claro que ter pessoas com foco na agenda ESG é importante, mas este conjunto de práticas deve estar na mira de todos os funcionários, a fim de obter um resultado positivo. Segundo Danilo Maeda, as lideranças têm um papel fundamental na implementação deste conceito, por se tratar de um tema estratégico e de alto nível.

“Como uma agenda transversal, é importante que todas as áreas da companhia estejam engajadas, pois todas as atividades geram impactos que podem ser gerenciados”, diz. 

Mito 4: A área da Saúde não precisa de ESG, já faz o suficiente pelo mundo. 

Há quem pense assim, naturalmente. No entanto, segundo Danilo Maeda, a agenda de sustentabilidade contempla uma diversidade enorme de temáticas, que refletem os múltiplos impactos possíveis produzidos pelas organizações.

“Como tendência importante, apontaria a conexão entre os temas da agenda ESG e a lógica de prevenção e promoção da saúde. Temas como mudanças climáticas têm impactos muito amplos e podem afetar a qualidade de vida e a saúde da população. Um exemplo bem direto disso é o caso de populações expostas a mudanças importantes nos regimes de chuva, à temperaturas extremas ou a eventos climáticos como enchentes e secas, que devem se tornar mais frequentes”, explica o especialista. E ele completa:

“Passou o momento em que acreditava-se que atuar em uma área de claro impacto social positivo era o bastante. Agora, a preocupação também inclui o ‘como’ esse impacto é produzido, com um olhar para os efeitos colaterais do processo de geração de valor, que chamamos de externalidades.” 

Mito 5: ESG é o mesmo que sustentabilidade ambiental 

Apesar de o pilar ambiental ser muito importante, a agenda ESG também contempla outras questões tão urgentes quanto. De acordo com Danilo Maeda, os temas ambientais que mais preocupam as empresas do setor de saúde são gestão de resíduos (que já era um tema crítico há muito tempo), emissões de gases de efeito estufa e uso de recursos naturais (água em especial). A redução do uso do papel também é uma ação que pode contribuir com os aspectos ambientais da agenda.

“O impacto específico vai depender da proporção entre o ganho gerado com a substituição e os demais impactos ambientais produzidos pela empresa”, diz Danilo.  

O especialista ainda acrescenta que, no pilar social, na área da Saúde, cresce a preocupação com diversidade, equidade e inclusão, tanto no viés interno quanto no da assistência e da representatividade em ações de comunicação e marketing. 

“Como uma agenda transversal, é importante que todas as áreas da companhia estejam engajadas, pois todas as atividades geram impactos que podem ser gerenciados”. Danilo Maeda, head da Beon.

Blog

;