Além do meio ambiente: práticas de ESG de destaque no segmento de Saúde

Apesar da alta relevância da questão ambiental que cabe aos hospitais, os outros pilares que compõem a agenda ESG também são essenciais para a Saúde. Veja algumas das iniciativas de hospitais brasileiros para assegurar o bem-estar da comunidade

Muito se tem falado em práticas de ESG e na sua importância para a preservação do planeta. No entanto, a questão ambiental é apenas um dos pilares desse conjunto de boas práticas que devem ser implantadas nas empresas de todos os setores. A agenda ESG (do inglês Environmental, Social and Governance ou, em português, Ambiental, Social e Governança), promove uma visão holística sobre negócios e a sociedade, impulsionando ações que garantam a sustentabilidade de ambos.  

Na área da Saúde, as práticas ESG são ainda mais essenciais, uma vez que as organizações causam um impacto imenso, tanto no meio ambiente quanto na população. Hospitais precisam funcionar ininterruptamente porque muitas vidas dependem deles e isso gera uma forte demanda de recursos naturais (energia, água, gás…) e humanos (profissionais capacitados). Sem boas práticas que possam assegurar a excelência e sustentabilidade dos processos e atendimentos, os impactos podem ser negativos em todas as esferas. 

Diferentes focos, um único objetivo 

Um estudo feito em outubro de 2021 pelo Health Research Institute (HRI), da consultoria global PwC, concluiu que o pilar Social ainda é o mais forte entre as instituições de Saúde, muito embora já haja diversas mudanças de impacto ambiental, tanto nas construções quanto em suas operações, em andamento. Construções verdes, alternativas de reciclagem de dispositivos médicos, utilização de materiais compostáveis no dia a dia, entre outras iniciativas, já fazem parte da rotina de muitas das organizações entrevistadas. Já para a área de Governança, poucas instituições disseram possuir atividades, deixando, ainda, muito espaço para conhecimento e crescimento. Com o título ESG nas organizações de Saúde, a pesquisa avaliou as ações de 45 sistemas de saúde e seguradoras nos Estados Unidos. 

Aqui no Brasil, também são observados muitos esforços por parte das empresas de Saúde em implementar a agenda ESG. Segundo um relatório da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) sobre ESG em seus hospitais, publicado em março  de 2022, diversas iniciativas, que vão além das atividades hospitalares, vêm sendo tomadas pelos seus associados, que incluem consumo responsável, educação, saneamento, energia, combate à fome e às alterações climáticas, melhorias na qualidade do emprego, entre outras. “Estes são apenas alguns exemplos dos temas em destaque e que têm relação direta com os objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU)”, diz o relatório. Ainda, segundo o estudo, 4,2 milhões de pessoas já foram beneficiadas direta ou indiretamente desde o começo dessas ações e mais 15,5 milhões deverão ser impactadas até 2030.  

 A seguir, conheça algumas das iniciativas dos hospitais associados da Anahp, voltados ao combate à fome e promoção da agricultura sustentável, em prol das comunidades locais. 

  • Com foco na responsabilidade social, o Hospital Baía Sul, de Florianópolis (SC), passou a contribuir com doações de alimentos ricos em proteínas, como carne bovina e de frango, para as crianças da creche Casa da Criança do Morro do Mocotó. O projeto já existe há 5 anos e atende mais de 200 crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos da comunidade do Morro do Mocotó, na capital catarinense. 
  • O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), também realiza doações de alimentos ricos em proteínas a instituições que atendem crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. A organização de Saúde não só faz a doação das carnes, adquiridas por meio de fornecedores do hospital, como também valida o cardápio com os nutricionistas da instituição.  
  • Em decorrência da pandemia, muitas famílias sofreram o impacto do aumento da pobreza. Para ajudar a amenizar a situação, a Unidade Comunitária do Hospital Nipo-Brasileiro, em São Paulo, criou uma campanha interna para arrecadar cestas básicas. Os próprios colaboradores voluntariamente fizeram doações e a instituição dobrou a quantidade arrecadada, incluindo outros ítens de higiene pessoal. A ação beneficiou mais de 1.200 famílias das comunidades de Baracela, Funerária, Jardim Andaraí, Chácara Bela Vista e Manguari, em São Paulo. 
  • O Hospital São Camilo, de São Paulo, em parceria com o Instituto Kairós (uma organização que atua pela segurança alimentar e agroecologia), criou o projeto Horta Urbana São Camilo, com o intuito de produzir alimentos de forma agroecológica. A atividade visa a promoção da agricultura sustentável e a oferta de alimentos orgânicos às unidades da Rede. Para o projeto, o hospital conta com uma equipe de agricultores, técnicos agroecológicos, nutricionistas, cozinheiras, entre outros profissionais. Como resultado, o hospital conseguiu, entre outras coisas, a redução do uso de sal pela metade, a realização de 2 toneladas mensais de resíduos compostados, cerca de 50% de crescimento da variedade de cultivos, com a introdução de 58 novas espécies. 

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