Gestão da saúde: as medidas mais eficazes para combater o histórico nível de glosas

Embora sejam comuns na relação entre operadoras e prestadoras, as glosas podem sair bem caro para as instituições de Saúde. A viabilidade da prevenção mora nas mudanças de processo e de mentalidade da organização

A glosa médica, há muito tempo, é uma pauta rotineira na dinâmica comercial entre prestadoras e operadoras de Saúde. O fato novo, no entanto, é que um recente levantamento feito pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), publicado em junho deste ano, aponta que o número de glosas médicas alcançou um nível sem precedentes no Brasil. O percentual médio de glosa inicial chegou a 11% e o prazo de recebimento aumentou para uma média de 93 dias. Diante deste cenário, que muito impacta o fluxo de caixa dos hospitais e o próprio resultado das empresas, se torna ainda mais urgente a busca de soluções e processos para a redução destes indicadores.  

Além das especificidades de cada serviço prestado pelas instituições de Saúde, há outros importantes elementos complicadores que podem aumentar as chances de glosas, como falhas de processo, documentos em papel, falta de capacitação de colaboradores e de transparência com fornecedores, entre outros.

“O sistema de Saúde no Brasil também é muito burocrático e esse nível de burocracia acaba gerando diversas variações dentro dos contratos entre as operadoras e as prestadoras de Saúde”, complementa André Marcelo Almeida, gestor comercial da Green Soluções, que ainda lista cinco recomendações para ajudar as empresas a conter a tão temida suspensão dos pagamentos. 

Digitalizar documentos e processos 

“Quanto mais digital for minha empresa, menos chance de glosa eu vou ter. Isso significa implementar sistemas de gestão que vão apoiar na administração do hospital, eliminar o papel da operação, automatizar e normatizar os processos”, conta André Marcelo. Ao enviar a remessa de documentos eletrônicos para a operadora de Saúde, a prestadora não corre o risco de extravio ou perda de guias, garante agilidade no trabalho e, consequentemente, minimiza a possibilidade de ocorrência de glosas. 

Buscar certificação 

Segundo o especialista, as certificadoras nacionais e internacionais, como a ONA (Organização Nacional de Acreditação) e a JCI (Joint Commission International), apoiam os hospitais a trabalharem para ter um processo correto e fluído, para que eles atinjam diferentes níveis de qualidade na assistência. “Essa qualidade na assistência dos hospitais vai gerar, consequentemente, melhor negociação com as operadoras”, lembra o gestor da Green. 

Conhecer bem as regras das operadoras 

Hospitais trabalham com diversos convênios ao mesmo tempo e o fato de cada um ter suas próprias normas e demandas pode ser um desafio. Por isso, é muito útil ter uma tabela sempre atualizada com as diretrizes de cada operadora de Saúde e garantir que os colaboradores responsáveis pelo envio dos documentos as conheçam. Também é importante manter transparência na relação comercial entre operadora e prestadora de Saúde, com contratos atualizados, claros e acessíveis para ambas as partes.  

É necessário, ainda, estabelecer regras de governança transparentes, que possam ser aplicadas em todas as organizações da cadeia de fornecimento. Isso ajudará a garantir que haja uma abordagem consistente entre as empresas e as impedirá de implementar diferentes processos ou sistemas, gerando “ruídos” na comunicação. 

Melhorar processos 

É fundamental ter uma cultura de gestão de processos em toda a organização. Não se trata apenas de digitalizar, mas também de garantir que todos na empresa compreendam pelo que são responsáveis e como podem contribuir para tornar o processo melhor. Isso inclui garantir que os funcionários estejam cientes do que precisam fazer, livrar-se de quaisquer etapas desnecessárias no processo ou repensar como esses passos poderiam ser dados de forma mais eficiente. “Existe aquele estilo de gestão que é só para tapar buraco, ou seja, para resolver problemas quando ele já aconteceu. Neste modelo, não há uma ação para mitigar o problema ou para evitar que ele aconteça”, conta André Marcelo. Ele também lembra que, para melhorar a gestão de processos, os colaboradores devem ser capacitados para usar as ferramentas digitais: “Softwares ajudam, mas não resolvem problemas sozinhos. É preciso pessoas bem preparadas para operá-los” 

Fazer auditorias regulares 

Para se assegurar de que o contrato entre prestadora e operadora está sendo seguido, que os valores cobrados estão em conformidade com os procedimentos feitos dentro do hospital ou da clínica, devem ser realizadas auditorias periodicamente. Assim, a origem de eventuais erros pode ser facilmente identificada e resolvida. Quando a auditoria é feita de forma digital, então, o risco de glosas reduz ainda mais, pois falhas no processo são apontadas antes mesmo da prestação de contas. 

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