Acreditação hospitalar: o selo de qualidade e excelência na saúde

Por que a acreditação hospitalar se tornou indispensável? Leia neste artigo tudo sobre o assunto

No complexo mercado da saúde, onde a vida e o bem-estar são a prioridade zero, a busca por padrões elevados de qualidade e segurança não é apenas um diferencial, mas uma necessidade fundamental. Pacientes, familiares, operadoras de saúde e sociedade esperam e exigem que hospitais e clínicas operem com excelência, minimizando riscos e maximizando resultados positivos. 

É neste cenário que a acreditação hospitalar surge como um norte, um processo voluntário e rigoroso que avalia e certifica as instituições que demonstram um compromisso genuíno com as melhores práticas.

Mas o que exatamente significa ser um hospital acreditado? Quais são os critérios avaliados? Quem concede esse selo de qualidade no Brasil? E, talvez o mais importante, quais são os benefícios tangíveis que a acreditação traz não apenas para a reputação da instituição, mas para a segurança do paciente e a eficiência da gestão? 

Este artigo explora o universo da acreditação hospitalar, desvendando seus requisitos e destacando por que ela é um pilar para a saúde.

O que é acreditação hospitalar? 

A acreditação hospitalar pode ser definida como um método de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde, realizado por uma entidade externa e independente, com base em padrões técnicos previamente definidos. 

Diferente do licenciamento (que é obrigatório e verifica requisitos mínimos para funcionamento), a acreditação é voluntária e focada na melhoria contínua.

O objetivo principal não é apenas fiscalizar, mas educar e estimular as organizações de saúde a adotarem práticas mais seguras, eficientes e centradas no paciente. É um processo cíclico que envolve autoavaliação, avaliação externa por especialistas, identificação de oportunidades de melhoria e monitoramento constante.

No Brasil, a principal entidade responsável pela acreditação é a Organização Nacional de Acreditação (ONA). Fundada em 1999, a ONA desenvolveu uma metodologia própria, reconhecida internacionalmente pela ISQua (International Society for Quality in Health Care), que se tornou o padrão de referência para a maioria das instituições de saúde no país.

As principais entidades e metodologias de acreditação

Embora a ONA seja a mais proeminente no Brasil, existem outras metodologias e entidades de acreditação relevantes no cenário global e nacional:

  • Organização Nacional de Acreditação (ONA): utiliza o Sistema Brasileiro de Acreditação, com manuais específicos para diferentes tipos de serviços de saúde (hospitais, laboratórios, clínicas, serviços de diagnóstico por imagem etc.). A avaliação é baseada em níveis progressivos de qualidade

 

  • Joint Commission International (JCI): é a divisão internacional da The Joint Commission, a mais antiga e respeitada entidade de acreditação dos Estados Unidos. Seus padrões são focados principalmente na segurança do paciente e são reconhecidos mundialmente como um selo de altíssima qualidade.

 

  • Acreditação Canadá (Accreditation Canada): outra metodologia internacional com forte presença global, focada em qualidade, segurança e abordagem centrada no paciente e na família.

 

  • Programas Específicos: existem também acreditações focadas em áreas específicas, como a do Colégio Americano de Patologistas (CAP) para laboratórios ou acreditações para programas de residência médica.

Neste artigo, focaremos na metodologia da ONA, por ser a mais difundida e adaptada à realidade brasileira.

Decifrando os requisitos: o que a ONA avalia?

O processo de acreditação da ONA é estruturado em níveis, cada um com seus próprios focos e requisitos. Para uma instituição ser elegível, ela precisa cumprir alguns pré-requisitos básicos, como estar legalmente constituída há pelo menos um ano, possuir alvará de funcionamento e licença sanitária vigentes.

A avaliação em si é baseada em padrões definidos nos manuais da ONA, que abrangem diversas dimensões da organização, desde a gestão clínica e assistencial até a infraestrutura, gestão de pessoas, processos administrativos e segurança.

Os níveis de acreditação da ONA são:

Nível 1 - Acreditado: o foco principal está na segurança do paciente em todas as áreas de atividade. A instituição precisa cumprir ou superar, em 70% ou mais, os padrões de qualidade e segurança definidos no manual. Isso envolve ter processos bem definidos para identificação correta do paciente, comunicação efetiva, segurança na prescrição e administração de medicamentos, cirurgia segura, prevenção de quedas e lesões por pressão, higienização das mãos, entre muitos outros aspectos essenciais para evitar eventos adversos.

 

Nível 2 - Acreditado Pleno: além de cumprir os requisitos do Nível 1, a instituição deve demonstrar uma gestão integrada. Isso significa que os processos precisam estar não apenas definidos, mas também interligados e funcionando de forma coordenada entre as diferentes áreas. A comunicação e a colaboração entre setores são inegociáveis. A instituição precisa cumprir ou superar, em 80% ou mais, os padrões do Nível 1 e, em 70% ou mais, os padrões do Nível 2, que focam na integração de processos e na utilização de protocolos clínicos e gerenciais.

 

Nível 3 - Acreditado com Excelência: este é o nível mais alto e exige uma cultura organizacional de melhoria contínua e maturidade institucional. Além de atender aos requisitos dos níveis anteriores, a instituição precisa demonstrar resultados consistentes ao longo do tempo, com ciclos de melhoria bem estabelecidos e foco em inovação. A instituição precisa cumprir ou superar, em 90% ou mais, os padrões do Nível 1, 80% ou mais dos padrões do Nível 2 e, em 70% ou mais, os padrões do Nível 3, que avaliam a gestão de resultados e a capacidade de aprendizado e inovação.

 

Os requisitos específicos são detalhados nos manuais da ONA e abrangem centenas de itens, incluindo:

  • Gestão da liderança: planejamento estratégico, definição de responsabilidades, cultura organizacional.
  • Gestão de processos assistenciais: protocolos clínicos baseados em evidências, linhas de cuidado, gestão de riscos assistenciais.
  • Gestão de pessoas: recrutamento, seleção, capacitação, avaliação de desempenho, saúde e segurança do trabalhador.
  • Gestão da informação: prontuário do paciente (seja físico ou eletrônico), segurança de dados, indicadores de desempenho.
  • Gestão de infraestrutura: manutenção predial, segurança das instalações, gerenciamento de equipamentos médico-hospitalares.
  • Gestão de suprimentos e logística: controle de estoque, armazenamento adequado, rastreabilidade de materiais e medicamentos.
  • Gestão ambiental e de resíduos: descarte correto, controle de infecção, sustentabilidade.

 

Os inúmeros benefícios da acreditação hospitalar

Buscar e obter a acreditação hospitalar não é um processo simples, exige dedicação, investimento e mudança cultural. No entanto, os benefícios colhidos justificam amplamente o esforço:

  1. Melhora a segurança do paciente: este é, sem dúvida, o benefício mais importante. A implementação de padrões rigorosos reduz significativamente a ocorrência de erros, eventos adversos e infecções relacionadas à assistência à saúde.
  2. Aumento da qualidade dos serviços: a padronização de processos, o uso de protocolos baseados em evidências e o foco na melhoria contínua elevam o nível da assistência prestada.
  3. Maior eficiência operacional: a organização dos fluxos de trabalho, a integração entre setores e a eliminação de desperdícios (retrabalho, uso inadequado de recursos) tornam a operação mais ágil e eficiente.
  4. Redução de custos: embora exija investimento inicial, a acreditação leva à redução de custos a médio e longo prazo, devido à diminuição de erros, retrabalho, desperdícios e otimização do uso de recursos.
  5. Fortalecimento da cultura organizacional: o processo envolve e engaja toda a equipe em torno de objetivos comuns de qualidade e segurança, promovendo um ambiente de trabalho mais colaborativo e focado.
  6. Melhora da imagem e reputação: o selo de acreditação é um reconhecimento público do compromisso da instituição com a excelência, aumentando a confiança de pacientes, médicos, operadoras de saúde e da comunidade.
  7. Vantagem competitiva: em um mercado cada vez mais exigente, a acreditação torna-se um diferencial importante, podendo influenciar a escolha de pacientes e a negociação com operadoras.
  8. Facilitação no cumprimento de exigências legais e contratuais: muitos processos exigidos pela acreditação ajudam a instituição a cumprir normas da ANVISA, ANS e outras regulamentações.

 

Acreditação como sinônimo de cuidado e gestão de excelência

A acreditação hospitalar transcende a ideia de um simples selo na parede, pois representa um compromisso profundo e contínuo com a qualidade, a segurança e a eficiência, colocando o paciente no centro de todas as decisões. 

Os requisitos, embora rigorosos, funcionam como um mapa para a excelência, guiando as instituições na implementação das melhores práticas reconhecidas nacional e internacionalmente.

Para hospitais, clínicas e demais serviços de saúde que almejam não apenas sobreviver, mas prosperar no cenário atual, entender e buscar a acreditação é um passo estratégico. 

Os benefícios vão muito além da reputação, impactando diretamente a segurança dos pacientes, a satisfação das equipes, a sustentabilidade financeira e a capacidade da instituição de cumprir sua missão primordial: oferecer cuidado de saúde com a máxima qualidade possível.

Investir em acreditação é investir no futuro da instituição e na saúde da população que ela serve. É a demonstração inequívoca de que, naquela organização, a busca pela excelência é um valor inegociável.

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